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Porque o Brasil não produz startups de 1 bilhão de dólares?

Pela segunda vez me deparei com a lista do Wall Street Journal das startups mundiais avaliadas em mais de 1 bilhão de dólares. E pela segunda vez fiquei decepcionado – o Brasil não consta na lista.

Aqui segue a lista (OBS: escrevo esse artigo em 21/4/2014, então não se espante se alguma entrar e/ou outra sair da lista):

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Antes de endereçar a questão do porquê não tem nenhuma empresa brasileira na lista (nem sul americana, nem latino-americana!) vamos olhar os dados mais no detalhe.

Das 46 startups, 36 ficam nos EUA, 7 na China e 3 na Europa. Isto é 78% das startups de mais de US$ 1 bilhão ficam nos EUA, 15% na China e 7% na Europa.

A soma dos valuations das startups da lista é de US$ 129 bilhões, com 72% disso com as norte-americanas, 20% com as chinesas e 8% com as europeias. O valuation médio das startups nos EUA é de US$ 2,59 bilhões; na China é de US$ 3,64 bilhões e na Europa de US$ 3,47 bilhões.

Do total de US$ 17,8 bilhões de funding que todas as startups da lista receberam, na média, startups norte-americanas recebem US$ 355 milhões em 5,4 rodadas de investimento. Montante parecido com a Europa, (US$ 352 milhões) só que, nessa região são distribuídos em 7,7 rodadas em média. Já na China o investimento médio é de US$ 570 milhões em menos rodadas, 3,8 em média.

A maioria das empresas foram fundadas na década passada, sendo que nos EUA a idade média das startups é de 7 anos, 10 anos na China e 8 na Europa.

Classificando as empresas por tipo, chegamos a algumas conclusões interessantes:

E-Commerce ainda é sexy na China e na Europa mas atrai atualmente poucos empreendedores e investidores nos EUA. Na China 48% do valuation está distribuído em 42% das startups de e-commerce. Nos EUA, 7,3% em quase 14% das startups de e-commerce.

Hardware é na China: 39% do valuation total está em 14% das startups que produzem hardware. Nos EUA a relação é quase 1:1 (na casa dos 16% para cada critério).

Nem Europa nem China tem algum player relevante atuando em marketplaces mas nos EUA o setor é extremamente atraente com 23,5% do valuation total em menos de 14% das startups.

Software também está em voga nos EUA, com 41% do valuation total. Na China é menos de 4%.

Observação importante, há regiões que ficam under the radar até que negociações são realizadas, com valores que por vezes superam bilhões de dólares. É o caso cada vez mais comum de Israel – Whatsapp comprado pelo Facebook por US$ 19 bilhões é um caso recente.

Infelizmente, estar under the radar não é o caso do Brasil. De fato, não possuímos nenhuma empresa cujo valor de mercado seja 1 bilhão de dólares ou mais. Temos alguns players caminhando para isso, como o Hotel Urbano, Dafiti e Netshoes. Mas isso é pouco, muito pouco para um país que detém a 5 maior população de internautas do mundo e o 7o maior PIB mundial.

O grande case latino americano é o Mercado Livre, uma empresa originalmente argentina, que consolidou o mercado de leilões na América Latina e fez um IPO nas Nasdaq. Durante o mesmo período da consolidação do Mercado Livre, tivemos a trajetória do Buscapé, talvez o nosso maior case. Tenho muito orgulho de ter participado dessa história, mas lamento profundamente que não tenham surgido dezenas de outros Buscapés de lá para cá. O Buscapé foi vendido em 2009 por cerca de US$ 340 milhões de dólares e o Mercado Livre hoje tem valor de mercado de US$ 4 bilhões…

Mas afinal, quais são os motivos para que o Brasil não tenha nenhuma empresa nessa lista de startups bilionárias? Eu tenho algumas hipóteses, que construí através dos meus quase 14 anos nesse mercado.

O empreendedor brasileiro tem pressa para fazer seu pé-de-meia. Crescemos com muita incerteza e não resistimos a uma oferta de compra quando ela pode significar um colchão financeiro relevante. Garanto que se o Facebook fosse feito no Brasil, o Zuckerberg o teria vendido na primeira vez que o oferecessem um cheque de US$50 milhões.

Para se inovar de fato, é preciso arriscar. E para arriscar é necessário investimento alto ou com retorno longo e incerto. O investidor no Brasil tem um ambiente muito inóspito por si só e não suporta mais risco. É como se risco fosse uma escala numérica, e o investidor tipicamente aguenta, digamos, risco 10. Nossa economia já responde por 5, então os outros 5 são insuficientes para setores realmente inovadores e que dariam mais frutos benéficos para o país.

Se por uma lado o ambiente macroeconômico representa um risco elevado, o governo ainda compete com as startups pois oferece retorno alto com pouco risco (via títulos da dívida).

Temos uma indústria de venture capital nascente. Tivemos uma euforia de 2010 até 2012 mas normalmente temos apenas meia dúzia de fundos ativos no país. O desequilíbrio entre demanda por investimento e oferta faz com que a balança pese para o lado do investidor, que consegue negociar condições muitas vezes leoninas com os empreendedores. Já vi muitos contratos no qual o investidor tem drag-along sobre o empreendedor, e quando chega a hora de desinvestimento do fundo (quando tem que fechar o fundo e remunerar seus cotistas), vende a empresa e carrega o empreendedor junto. Como esse período de desinvestimento não necessariamente é o ponto ótimo para o empreendedor, o futuro do negócio pode ser abortado antes do seu ápice.

As startups precisam de diversas rodadas de investimentos durante sua vida. Cada rodada tem um tamanho e um investidor certos. É o que se chama de stage financing. No Brasil, temos pouquíssimos investidores anjo, o tipo de investidor que financia a primeira etapa das startups, aquela em que o negócio começa a rodar.

Nos EUA, a grande parte dos investidores anjo é composta por empreendedores e ex-empreendedores. Gente que fez dinheiro construindo empresas e que agora apoia outros empreendedores. Aqui, como há poucos casos de sucesso, há poucos empreendedores e ex-empreendedores de sucesso que poderiam virar anjos.

Nos EUA, há toda a cultura de se distribuir valor entre os funcionários das startups, que recebem stock options. Com a startup se valorizando, muitos se beneficiam. Estes funcionários beneficiados passam a ter recursos para abrirem suas próprias startups e/ou serem investidores-anjo de terceiros. Aqui no Brasil, normalmente o funcionário não quer stock option e valoriza apenas o salário (talvez pela pressa de fazer o pé-de-meia como explicado acima…).

Não existe empresa limitada de fato no Brasil. Se a empresa falir, há enorme risco dos passivos serem cobrados dos empreendedores e dos investidores. Nos países sérios as coisas são bem separadas e os sócios só são chamados a cobrirem os passivos das empresas quando há fraude comprovada. Esse risco adicional afugenta empreendedores e investidores.

O arcabouço tributário brasileiro é um grande entrave. Fora o fato de termos muitos impostos (sem contrapartida adequada, diga-se de passagem), o sistema é super complexo. Temos dezenas de impostos e obrigações de fiscalizar nossos fornecedores (quando recolhemos seus impostos). É tudo algo impensável para as startups dos EUA. O regime Simples seria interessante, no entanto não funciona para startups pois os investidores, via de regra, são institucionais – e é proibido para empresas que escolhem o Simples terem sócios institucionais.

Os encargos trabalhistas se enquadram no arcabouço descrito acima. Fora os funcionários receberem 13,3 salários anuais, as startups ainda tem pesados encargos CLT em cima. Novamente, essa carga tributária é impensável nos EUA.

A universidade brasileira é descolada do mercado. Temos grandes pesquisadores e uma produção acadêmica grande. Podemos nos perguntar se a quantidade de trabalhos científicos significa qualidade dos trabalhos e minha opinião é que não – haja vista não termos nenhum Nobel até hoje. Independente da discussão da qualidade, a verdade é que poucos negócios saem das universidades, se compararmos com os EUA, por exemplo. La há o que é chamado de spin-off, isto é,empresas que são formadas dentro das universidades, muitas vezes com professores na sociedade (algumas vezes com a própria faculdade), como foi o caso do Google, só para citar um exemplo. Aqui, spin-off é tratado como um tabu na academia.

Como falei, essas são minha hipóteses. Sei que há exceções e sei que as hipóteses podem ou não serem comprovadas. Por isso acredito que é muito importante para o país que estudemos a fundo nosso mercado. Só assim poderemos entender quais as reais causas do nosso insucesso e como poderemos incentivar o empreendedorismo de alto-impacto, que é um dos maiores geradores de renda. Estudos apontam que cada trabalhador de startup gera 5 empregos diretos e indiretos nos EUA, apenas para dar uma ideia de como essa riqueza se espalha por toda a economia.

Justamente diagnosticar nosso mercado e propor melhorias foram meus motivadores a participar do programa REAP (Regional Entrepreunership Acceleration Program) ministrado pelo MIT. Integro um time heterogêneo, com representante de diversos setores como Academia (Alex Lucena – PUC/Rio), Corporações (Felipe Herrera – Miguel Neto e Herrera Advogados), Investidores (Antonio Botelho – Gávea Angels e Guilherme Cohn – Confrapar), Governo (Augusto Raupp – Secretaria de Ciência de Tecnologia do Estado do Rio), empreendedor (eu, Gustavo Guida Reis – HelpSaude.com, Bondfaro/ Buscapé). Selecionamos o estado do Rio como piloto e, durante os 2 anos do programa, traremos soluções para aprimorarmos o empreendedorismo tecnológico da região, que depois tem tudo para serem aplicadas nas demais regiões do Brasil.

Ainda buscamos patrocinadores para viabilizarmos nossa participação no programa. É um trabalho pro-bono, onde os integrantes não são remunerados, mas precisamos pagar o MIT e cobrir custos de transporte para os workshops. Quem quiser colaborar, por favor entre em contato.

 

[UPDATE / ERRATA]

O Alan Meira me alertou e que usei o exemplo equivocada do startup israelense. A Whatsapp é americana e seu fundador Ucraniano. De qualquer modo, o racional que Israel está sendo bem sucedido e procede.

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72 thoughts on “Porque o Brasil não produz startups de 1 bilhão de dólares?

  1. Kerson Andrade says:

    só completando o ótimo post, no Brasil dá-se o nome de “spin-off acadêmico” quando o PT entra na jogada com o docente e uma estatal e rola um dinheiro por fora para uma empresa de fachada no paraíso fiscal. Palhaçada!

  2. Salim Raphael Mansur says:

    Olá, gostaria de entender mais desse projeto , não sei muito como ajudar …..Mas iniciei minha jornada de investimentos como anjo e me fascinei por esse mundo. como existe diversos empreendedores brasileiros sofrendo na mão de leis antigas e sistemas tributários ineficientes …. ? Existe o que fazer ? Gostaria de contribuir com isso.

    • Gustavo Guida Reis says:

      Oi Salim, obrigado pelo interesse em colaborar conosco. Temos duas formas:

      1. Funding: Precisamos levantar US$ 300 mil (250 mil para o MIT e 50 mil para despesas).
      2. Consultas: Vamos conversar com atores do ecossistema para colher suas opniões, de modo a embasar nosso estudo.

      Como quer ajudar?
      Abs

      • Salim Raphael Mansur says:

        Gustavo

        Não sei com qual freqüência vc vem a São Paulo , na primeira oportunidade que tiver podemos nos reunir em meu escritório.

  3. Felipe says:

    Bem interessante Gustavo! Acho interessante abortar a falta entre a sociedade brasileira, refletindo para uma menor abertura entre os diversos players do mercado em fazer negócios conjuntamente.
    Não conheço nenhum caso de exercício de drag along no Brasil ainda.

    • Gustavo Guida Reis says:

      Oi Felipe, eu fui dragado, mas minha posição no Buscapé não era mais de empreendedor e sim de investidor… O drag era apenas um exemplo, baseado no fato que já li alguns contratos que pelo menos dão esse direito para os investidores.

  4. Excelente texto! Concordo plenamente com sua opinião… O Brasil, embora esteja caminhando a passos lentos nesse sentido, não possuí uma cultura empreendedora. O salário é o objetivo. O risco é muito “caro” para ser corrido. Enquanto isso, caminhamos…

  5. matleroux says:

    Eu acho que tem duas respostas possiveis… A primeira é que estes ranking so olham para as startups que foram financiada nos Estados Unidos, e 7 chinesas… Esta faltando monte de startups francesas por exemplos que valem +1Bi (Criteo, Vente Privee, etc…) que sao menos conhecidas. Mas a 2a resposta mas honesta é de dizer que empreendedores do Brasil (e da França, que conheço bem) raramente tem ambição mundiais. Eles querem fazer um sucesso nacional, se der regional mas quem fala de alcance mundial passa por louco. Na vale do Silicio, se voce não tiver ambição mundial, ninguem se interessa. Isso é a diferença maior.
    Mathieu @matleroux

    • Gustavo Guida Reis says:

      Obrigado por compartilhar o conhecimento das startups francesas.
      Concordo 100% que focamos muito no mercado local. Aqui no Brasil, por sermos um país enorme, nosso foco normalmente é atender o mercado doméstico. Algumas empresas olham para América do Sul e para por aí. Totalmente diferente de Israel, por exemplo, que é obrigado a olhar para fora porque é um país com pequena população.

      • Também concordo que o foco é local. Contudo, acredito que uma boa parcela pensa em ser global.

        Como o dinheiro é pouco, dificilmente as atitudes serão mais agressivas a ponto de encarar mercados externos ao Brasil.

        E o pior, é que para muitos, a conquista de mercado interno no Brasil é um desafio.

  6. Gustavo parabéns pelo texto, muito bom. Acho que o grande diferencial está no valor dos investimentos, o menor da lista foi pouco mais de 100 milhões de Reais, não lembro de uma Startup que tenha recebido isso no Brasil, conhece alguma?

    • Gustavo Guida Reis says:

      Pois é Daniel… Tem poucas, curiosamente, as 3 que eu citei no artigo captaram mais que isso (Hotel Urbano, Dafiti e Netshoes). A questão de funding é meio que Tostines. As startups da lista captaram bastante normalmente porque cresceram bastante para o estágio que se encontravam no momento. Concordo que aqui o critério de crescimento é muito financeiro (curto-prazo) e pouco parecido com o que vemos nos EUA, quando uma empresa vale muito porque é grande e vai poder monetizar no futuro. Isso por si só limita o leque de empresas que podem receber muito funding no Brasil.

  7. marcbarbosa says:

    Meus 2 satoshis sobre stock options: Geralmente, o oferecido é baixo em comparação com a diferenca de 4 anos (tempo padrão de vesting) de salário reduzido. Além dos poucos casos de sucesso, que geram uma insegurança maior. O Sam Altman publicou recentemente um post justamente sobre equity para funcionários, e pelo visto até eles estão precisando renovar o modelo.
    http://blog.samaltman.com/employee-equity

    • Gustavo Guida Reis says:

      Valeu Marcelo! Vou ler o artigo.
      Não necessariamente opções são algo excludente em relação a salário. Sempre há empresas que pagam mais e a pessoa precisa pesar ganhos hoje versus oportunidades futuras. Talvez a insegurança economica do país ta,bém force os funcionários a abrirem mão de ganhos futuros para garantir um salário maior hoje…

  8. Muito interessante seu artigo e concordo com sua visão do mercado tanto tributário, como pela dificuldade de criar um “entrepreneur mindset” de maior profundidade no Brasil.
    Acredito que a dificuldade maior, além da venda da empresa como fator cultural no seu termo de “colchão financeiro relevante” é o fator da resiliência e motivação. Nosso circulo social por não estar apto a trabalhar com esse mindset de motivação e resiliência constante, também acaba levando o empreendedor a vender sua empresa antes mesmo de tentar escalar ela.
    Esses dias li um artigo interessante sobre o “piggybackpacking” (http://goo.gl/VC4Waf) o qual comenta sobre as startups que escalaram de forma rápida e saudável, sem investimento em marketing.
    É esse tipo de startup que o Brasil está precisando, uma de rápida escalabilidade que irá chamar atenção, como a Movile, o MercadoLivre, etc ..

    Bom, desculpe pela longa escrita. Ótimo artigo.

  9. Gustavo,

    Acho o que mais chama atenção pra mim é o fato que você comentou sobre as empresas não serem realmente “limitadas”. Todos sabemos que para se ter uma empresa de sucesso, provavelmente você irá falhar umas duas ou três vezes. Só que no Brasil, se você falhar, além de já ser difícil de se levantar devido todas as outras questões que você falou, provavelmente perdemos tudo que temos e não conseguimos crédito para mais nada. O governo irá cobrar o imposto que você deve da empresa anterior caso você abra uma nova empresa. O banco irá sacar o dinheiro da sua conta e nunca mais te emprestará um centavo sequer, mesmo que seja para outro negócio. E você ainda corre o risco de perder casa, apartamento, carro e qualquer outro bem que você tiver. Ou seja, além de ter que lutar para criar um novo negócio, o segundo negócio ainda é muito mais difícil que o primeiro.

    Isso não acontece fora do Brasil. Acho que essa seria uma mudança de extrema importância.

    Grande abraço

  10. Pingback: Porque o Brasil não tem nenhuma empresa de tecnologia entre as maiores? ...

  11. Amigo,

    Por favor, me inclua em suas listas de discussões.

    Sou egresso do setor de logística e agora estou empreendendo com minha startup TRUCK PAD.

    Gostaria de me conectar com este ‘ecosistema’.

    Agradeço por compartilhar suas infos.

    Abraços,

  12. Excelente post e também os comentários. Acredito como empreendedor que a nossa cultura e os pesados impostos nos engessam para crescermos de forma equilibrada. Valeu.

  13. mlemos says:

    Gustavo, excelente artigo, mas senti falta de um aspecto importante em sua lista: o tamanho do mercado. Por alguma razão, e mais provavelmente por várias, nossos empreendedores focam o mercado Brasileiro. Sim, é um mercado de tamanho razoável, com uma proteção linguística razoável, mas em comparação com o Americano ou o Mundial podemos dizer que pelo menos 1 ou 2 ordens de grandeza menor. Isto acaba tendo um impacto brutal nos valuations. Sobre as várias razões disto acontecer, acho que podemos colocar quase todas que você listou e o fato de o Brasil já ser um mercado grande para ser atacado. Mas na hora de inovar e arriscar, talvez seja o caso de realmente pensar em domindar o mundo e buscar algo maior. Boa sorte com o projeto com o MIT. Abs!

    • Gustavo Guida Reis says:

      Você tem razão! Esqueci de mencionar o tamanho do mercado. É o tipo de diferença que temos aqui no Brasil com Israel. Startups israelenses TEM que focar no mercado mundial a partir do D0. Aqui no Brasil temos um mercaod interno maior e focamos nele primeiro. Quando seria a hora de olhar pra fora o bonde passou!

  14. epmuniz says:

    Parabens Gustavo! Listou bem os problemas e entraves do empreendedorismo. Eu listo mais um.
    Um problema cultural do brasileiro: somos invejosos do sucesso alheio e quando alguém tem sucesso logo aparecem críticas para o empreendedor/empresário de sucesso.
    É quase um crime no Brasil ter sucesso pelo próprio esforço. Isso inibe novatos de se aventurarem, eu acredito, nem que no sub-consciente.
    Enquanto que nos EUA quando alguém tem uma boa ideia e faz sucesso: meios de comunicação, sociedade, empresas, investidores, governo, todos querem ouví-lo e estar perto para aprender e compartilhar o sucesso….

    • Gustavo Guida Reis says:

      É verdade, a inveja é algo inerente na maioria dos brasileiros. Me lembro de uma entrevista velha do Emerson Fitipaldi que ele pontuava a maior diferença entre a cultura brasielria e a americana. Dizia algo assim: “Aqui nos EUA, quando passa uma pessoa num carro bacana, o americano fala que vai trabalhar muito e um dia compra um carro igual. No Brasil, o brasileiro na mesma situação xinga o motorista de fdp ladrão!”. Ou seja, não valorizamos em nada o sucesso do outro e logo o desmerecemos.

  15. Gustavo Parabéns pelo texto.

    Complementando o que o Thiago Locatelli citou, o Viber também israelense foi vendido por 900 milhões de dólares.

    Gostaria de contribuir de alguma forma com seu projeto, vou te adicionar no Linkedin.

    Abs.

  16. Ótimo texto Gustavo, não acho que esses sejam todos os pontos mas acho que você abordou alguns pontos interessantes da cadeia de startups.

    Por exemplo, algo a acrescentar é a ausência de interesse das grandes empresas brasileiras (ou no Brasil) em investir ou dar origem a startups.

    Muitas vezes no seu texto você compara o Brasil aos EUA, mas acho que devemos nos comparar aos EUA, a China, a Europa, a Israel, a Coréia do Sul, ao Chile e encontrar o nosso modelo. Estamos décadas atrasados (isso é fato), se tentarmos seguir os mesmos passos dos EUA nunca conseguiremos alcançá-los. Precisamos desenhar a nossa maneira de desenvolvimento.

    EUA e Israel foram motivados inicialmente por investimento militar (inteligência de mecanismos de guerra). Hoje a indústria de startups não tem nada a ver com isso (ou tem apenas em parte), mas essa foi a origem do vale do silício. Qual o caminho que queremos para o Brasil? Quais área incentivar? O Brasil é um país social, onde está a grande rede social brasileira? Brasil possui a maior biodiversidade, onde está a startup de biotecnologia brasileira?

    Existem algumas iniciativas para o estágio inicial das startups que prometem dar resultado nos próximos anos. Seed (trabalho no Seed) do Governo de Minas, Startup Brasil do Governo Federal, Startup Farm, Germinadora, Startup Rio do Governo do Rio de Janeiro, eventos de startup Weekends cada vez mais frequentes.

    Enfim, o ecossistema está sendo movimentado. Apesar de não haver uma coordenação única que daria mais efetividade ao processo, o importante é gerar densidade de eventos, de iniciativas, de startups e de engajamento da sociedade. Isso atrai investidores.

    • Gustavo Guida Reis says:

      Obrigado pelo comentário Pedro.

      Acho que você tocou no ponto principal que falta aqui no Brasil: coordenação. Estamos comeándo com algumas iniciativas bacanas (como o Seed) mas temo que desperdiçaremos recursos sem o envolvimento de todos os 5 atores do ecossistema (empreendedores, investidores, governo, grandes empresas e universidade).

      • Concordo que o tópico central em um trabalho de larga escala para inovação e startup é a coordenação. Temos grandes players, muitos interessados, muitas pessoas arregaçando as mangas e cada um seguindo um caminho diferente. Temos potenciais nacionais e regionais que devem ser explorados para gerar startups. Estou buscando trabalhar justamente isso, a estruturação do ecossistema antes de tudo, para que todo o ambiente gere um fluxo de demanda e suporte a startups. Que cada cidade ou local possa decidir seu próprio caminho e apoiar as empresas nascentes. Que governos, empreendedores, iniciativa privada e empresariado tradicional conversem a mesma língua e trabalhem em conjunto para corrigir os problemas locais e alavancar as iniciativas locais. Startups com mentes locais ou mundiais podem igualmente ter seu impacto e lucratividade. Mas uma andorinha só não faz verão, muito menos uma penca delas voando cada uma pro seu canto. Quero saber mais do seu projeto e apoiar no que for necessário Gustavo, assim como contribuir com a experiência do que for ocorrendo da estruturação aqui no interior do Paraná. Abraço.

  17. Allison Lannes says:

    Parabéns pelo ótimo texto.

    Quero aqui deixar um pouco de minha opinião pessoal.
    Também sou empreendedor e empreender é o que me encanta e me deixa extasiado e com desejo de acordar diariamente com energia.
    Infelizmente vejo que no Brasil o índice de investidores anjo parece ser mais raros a cada ano.
    Por um lado vejo muita gente focando em investir em imóveis para dar “segurança”
    Por outro lado vejo alguns poucos querendo retornos em seis/doze meses a ponto de ficarem ricos.

    A realidade é outra: Poderíamos ter excelentes empresas e até mais multinacionais nascendo no Brasil se a visão fosse outra.

    Vejo o caso que estou envolvido neste momento: Energia Solar! Atuo como um dos empreendedores de um projeto para tornar o parque de geração de energia elétrica através do SOL brasileiro como uma das referências mundiais! Mas esbarro todos os dias em supostos investidores interessados em imóveis, poupança, bolsa de valores e outros investimentos “seguros”….

    Com apenas 20 milhões já teríamos uma fábrica e um parque de instalação maior que o parque da Alemanha por exemplo mas por ser um produto novo e ainda sem muito conhecimento público e sem nenhum apoio governamental, continuamos sofrendo atrás de investimentos e suando a camisa nas apresentações semanais de onde saímos normalmente com uma promessa futura de investimento…

    Ao ler seu texto fico pensando o quanto ainda precisaremos crescer em termos de empreendedores e investidores para termos nascendo aqui grandes corporações e excelentes start ups em todos segmentos! Que venham muitos ML e Buscapés! E tenho registrado em cartório que assim que eu tiver capital próprio eu investirei em startups pois acredito no Empreendedor Brasileiro!

  18. Gustavo,
    o artigo está ótimo.
    Quando ví os nomes Felipe Herrera, Guilherme Cohn e você, pessoas que tive o prazer de conhecer. Fico feliz deste projeto estar com pessoas super competentes e que transmitem valor de forma tranquila e consistente.

    Eu concordo com todos esses problemas e há realmente muitos problemas para se criar um ciclo virtuoso no brasil. Mas o early stage ainda possui os maiores obstaculos, faltam empreendedores qualificados(porém os tenazes estão se qualificando cada vez mais) e falta seed money. Não sei qual é o ovo e qual é a galinha. Chegou a existir seed money disponível entre 2010˜2012, mas já caiu no descrédito novamente e hoje é raro por diversas razões.

    Vejo que há mercado de investimento para growth, mas seed ainda é um grande gargalo. Por outro lado, é a vez dos FFF’s(gostaria de chamar só de FF, quem acredita no meu negócio não é fool).

    Cada vez mais vejo pessoas levantando investimento anjo com os FFF’s, pois o mercado ficou muito hostil, há anjos pedindo de 30% á 70% do negócio.

    Por outro lado esse tipo de capital viabiliza financeiramente mas não agrega em conhecimento e acessos, o que é muitas vezes mais valioso do que o próprio dinheiro.

    Sobre stock options, eu vejo no meu dia a dia, que o funcionário valoriza muito pouco essa opção, ou tem pouquíssima compreensão sobre e ao mesmo tempo é muito propenso a baixar seu valor por uma boa cultura empresarial. Já ofereci stock options + salário 70% abaixo do mercado e não aceitou. Mas logo aceitou a contraproposta de salário 50% abaixo do mercado porque curte nossos valores e cultura. E tem funcionado bem.

    Gostaria de agradecer novamente, ótimo artigo!

    Por último se precisar de alguma ajuda operacional nesse projeto, estou a disposição e será um prazer. Abs,

  19. Parabéns pelo texto.

    Vc conhece um cara chamado Geert Hofstede ? O nome é complicado mas a idéia é simples: ele criou “Grandezas Culturais”: alguns índices que permitiram comparar paises. Vc pode acessar em http://geert-hofstede.com/brazil.html

    Um do indices é o UAI ou Uncertanty Avoid Index, um índice que mede o medo do desconhecido. Se vc sabe o risco, então não é descohecido. É como um OVNI, se vc sabe que é um disco voador, então não é “não identificado”:-)

    Voltando, se um investimento é de alto risco, então ele não entra aí. Só entram coisas desconhecidas: abrir uma empresa de um produto novo. O seu Buscapé. Vc pode ter estimativas e tal, mas no fim do dia são chutes (ainda que bem feitos). A coisa só é medível na hora do vamos ver.

    A cultura brasileira é avessa ao desconhecido. Eu nõa sei o motivo, a sua teoria dá algumas pistas. De qualquer forma temos que conviver com uma realidade contrária a idéias inovadoras.

    Um dos outros índices que gostaria de destacar é o PDI, que eu chamo de índice-do-sabe-com-quem-está-falando-?. Quando esse índice é alto significa que as pessoas aceitam abusos de poder, as carteiradas. Não é algo que ajuda.

    Se tiver interesse, outro cara que tb estuda isso é Fons Trompenaars. Eles tem nomes esquisitos porque ambos são holandeses.

    Tb sou empresário, com experiência em diferentes paises. Fico muito feliz com sua iniciativa do MIT. É isso aí ! Os Estados Unidos mudaram muito, mas ainda são de longe o melhor lugar do mundo para discutir empreendedorismo. Sucesso !

    • Gustavo Guida Reis says:

      Obrigado pelo comentário, Erick! Vou estudar os autores que vc citou pois me pareceram assuntos super interessantes!

  20. jose gilberto guimaraes says:

    O Brasileiro quer ver o seu investimento voltar em tempo recorde. Criei o Instituto Inovação aqui em Belo Horizonte e hoje estou criando uma Aceleradora de Startup aqui também. Pretendo colocar uma startup junto ao mercado de bilhões de dólares. Só um exemplo as empresas de energia elétrica são obrigadas a investir em P&D e acabam criando a delas próprias estagnando a possibilidade de ideias novas evoluir com minvestimento pois o dinheiro não sai do mundo deles, dentre outros cvasos que p estado de São Paulo separa um percentual do ICMS para também ser investido e não acontece como deveria.

    Jose Gilberto Guimaraes

  21. Angelo Zambom says:

    Claro que temos muitos entraves em nossa Economia que explicam a falta de startups e investidores anjos… Mas também temos que levar em conta que nossa renda per capita e distribuição de renda são muito menores que dos países citados, isso ocasiona uma desvantagem em relação ao consumo… Vide número de smartphones vendidos no Brasil e nestes países… Segundo ponto, temos uma infraestrutura muito precária, inclusive de transmissão de dados, o que implica na diminuição do impacto que uma startup provoca na sua população… Neste caso, podemos ver a EasyTaxi, uma startup conhecida entre os taxistas como “corrida para gringos”…

  22. É ingênuo acreditar que o mindset empreendedor americano é fruto de esforço recente. Ainda nos anos 70 o MIT criava um departamento para gerenciar marcas e patentes. Isso nos anos 70! Em pleno 2014, nós brasileiros ainda não conseguimos enxergar a marca como um ativo. Esse é um exemplo de como o fator cultural é o grande diferencial deles e, talvez, o nosso maior limitador.

    A pergunta que temos de nos fazer é: Em um país onde a grande maioria busca trilhar o caminho da ‘segurança’, o que precisamos fazer para deixarmos de ser meros espectadores do sucesso alheio?

    Muito bom texto!

  23. Achei super interessante a matéria e ainda mais os comentários, realmente é uma pena que o brasileiro continue pensando tão pequeno quando se trata de empreendedorismo, acredito que para as coisas mudarem é só com alguém disposto a motivar e incentivar os brasileiros com uma história de sucesso. Gostei da iniciativa e queria saber como posso colaborar, ou pelo menos me informar mais sobre.

  24. O americano pisa na ponte sem vê-la, como no filme do Indiana Jones, afinal ele não começa algo mirando no dinheiro que vai obter, mas na missão que deve cumprir. Ele age com fé.

    Para o brasileiro você pode mostrar a ponte, assegurar que ela não vai cair, pode amarrá-lo em cabos de segurança e ainda assim ele dá seus passos cagando de medo! E quando faz isso ainda comemoramos porque ao menos foi além e deixou de ser escravo.

    O americano não arrisca só a própria pele, a família se engaja junto com ele… aqui a palavra empreendedorismo ainda é palavrão dentro de muitos lares que se sustentam do funcionalismo público, principalmente interior a fora.

    Para criar startups de alto impacto que podem valer bilhões de dólares, precisamos ter empreendedores de alto impacto! Gente que pensa grande e que acima de tudo está emocionalmente preparada para vencer todos os obstáculos! Ganha quem sabe apanhar mais! Neste aspecto Guida, pode contar comigo para o seu projeto… se durante suas consultas achar interessante conhecer algumas histórias de superação que estou acompanhando como mentora, estou a disposição.

    Na UpaLupa cuidamos do be-a-bá, mas como com as crianças, começando certo é que temos mais chances lá na frente. Parabéns pelo post e pela iniciativa!

  25. Pedro says:

    Porque o Brasil tem uma carga tributária indecente, uma política trabalhista achacadora e uma economia que se baseia em juros depravados.

  26. Leo Silva says:

    Texto legal mas comparar um simples terceiro mundo (Brasil) com EUA, Europa?
    A média de salario do Brasil é de R$1.200,00 para cerca de 80% da população. segundo um estudo que li a alguns anos.

    Tudo aqui é tão bom quanto o ranking, investimentos de terceira, profissionais de terceira, executivos de terceira, pessoas em geral de terceira categoria.

    Nem há necessidade de criar um texto assim e fazer toda esta analise para saber a resposta sendo que a mesma é, Brasil é terceiro mundo, ponto!

    • Gustavo Guida Reis says:

      Eu sei, Leo. Mas a ideia aqui é provocar a discussão para ver se conseguimos mudar isso! O crescimento de empresas é um grande gerador de renda.

  27. Gustavo, aqui no Brasil não existe investidor anjo de verdade, mas sim investidores oportunistas, que querem o negócio lucrando logo de cara. Lembre-se do caso da Google e muitas outras lá fora, as quais conseguiram investidores sem saber sequer como iriam ganhar dinheiro, enquanto aqui no Brasil, os ditos “ANJOS” querem saber primeiro o quanto sua startup está faturando e não o grau de inovação.

  28. Gustavo, aqui no Brasil não existe investidor anjo de verdade, mas sim investidores oportunistas, que querem o negócio lucrando logo de cara. Lembre-se do caso da Google e muitas outras lá fora, as quais conseguiram investidores sem saber sequer como iriam ganhar dinheiro, enquanto aqui no Brasil, os ditos “ANJOS” querem saber primeiro o quanto sua startup está faturando e não o grau de inovação. Por falta de apoio muitas ideias, projetos e startups brasileiras que poderiam valer muitos bilhões não conseguem decolar.

  29. Gustavo, aqui no Brasil não existe investidor anjo de verdade, mas sim investidores oportunistas, que querem o negócio lucrando logo de cara. Lembre-se do caso da Google e muitas outras lá fora, as quais conseguiram investidores sem saber sequer como iriam ganhar dinheiro, enquanto aqui no Brasil, os ditos “ANJOS” querem saber primeiro o quanto sua startup está faturando e não o grau de inovação. Por falta de apoio muitas ideias, projetos e startups brasileiras que poderiam valer muitos bilhões não conseguem decolar. Conheço algumas startups excelentes, posso indicá-las para verdadeiros investidores, quem tiver interesse entre em contato: adriano@az7.com.br

  30. Ricardo Delhaye says:

    Adorei a matéria! se por acaso tiver mais informações, links e estudos sobre o assunto de empreendedorismo favor postar, sendo eu mesmo um empreendedor começando no setor de e-commerce toda informação ajuda. Mais uma vez parabéns.

  31. Ola, td bom ? Estou iniciando uma empresa nesse momento e gostei muito da sua matéria. Durante minha pesquisa de mercado, inclusive procurando opções de Crowdfunding cheguei a conclusão que é muito, mas muito mesmo, mais fácil abrir a empresa e “lucrar” nos EUA. Aí me pergunto, porque eu não posso abrir a empresa por lá ? Mesmo sendo brasileiro ? Bom, mas por enquanto ainda não encontrei esse caminho e vou começar por aqui da forma mais simples – MEI fazendo outras coisas que não meu objetivo, até poder largar o emprego ( mês que vem ) e aí sim, me dedicar mais ativamente ao negócio.

  32. Muito bom seu texto Gustavo!
    Realmente traduziu todo o contexto que enfrentamos para construir uma startup em terras tupiniquins. Em especial a parte que cita a carga tributária, e a falta do mindset empreendedor.
    Na minha opinião isso é também um reflexo grande da nossa educação que não educa para empreender, criar, mudar o status quo, mas sim para que você passe no vestibular (de preferência na faculdade pública), consiga um emprego em uma grande empresa, e tenha uma carreira de sucesso. E uma das consequências disso é também o que você cita como “a pressa em fazer o pé-de-meia”, existente tanto em empreendedores quanto em funcionários. Com medo do risco, ficam reféns da ilusão do retorno imediato.
    Mais uma vez parabéns pelo artigo.
    Abraços

    • Leo Silva says:

      Engraçado este termo pé de meia pois segundo o que ando lendo, Brasileiros não fazem pé de meia, previdencias, poupanças e etc. Só a minoria faz isso.

      Eu diria que existe start-ups aqui e muitas mas devido aos valores tributarios, elas não chegam no patamar da tal lista.

  33. Leonardo Siqueira says:

    Além dos pontos abordados, vejo outras questões. É muito mais fácil levantar dinheiro no EUA se comparado a quaisquer outros países… em princípio, o que parece uma grande vantagem, abre uma brecha enorme para criações de bolhas de tecnologia, subprimes, etc…

    Já no Brasil estamos progredindo bastante, estou há 15 anos no mercado de investimentos e me lembro dos limites do passado, vc se lembra?

    É certo que enormes entraves burocráticos ainda permanecem e que investidores têm mais “cautela” para investir, o que, em principio dificulta, tem apenas o lado negativo? No final incentiva criarmos empresas com mais fundamentos, lastros mais tangíveis e à prova de reações “temperamentais” do mercado, como são os casos do Buscapé e outras que sobreviveram, com a própria musculatura exercitada nas dificuldades do Brasil.

    Aqui já temos Startups com “Value Investinng”… se você vê que o Whats App vale U$20bi, eu ainda não consegui enxergar este fundamento…

    Por fim, provoco uma reflexão… observe a natureza… as árvores que crescem na dificuldade são as mais fortes e resilientes e toda evolução surge apenas de conflitos e transformações. É o difícil que nos aperfeiçoa e não o fácil…

    Costumamos criticar muito o Brasil e supervalorizar os EUA quando em realidade, sempre há dois lados…sem pensar no que foi e sim no que está sendo e somos, todos, protagonistas de nossa realidade… esta dificuldade, em última análise, está apenas no fortalecendo… pensem nisso.

    • Gustavo Guida Reis says:

      Obrigado pelo comentário inteligente, Leonardo.

      O mercado melhorou muito sim, mesmo com a piora recente (2013 para cá) está muito melhor que há 15 anos. Mas ainda falta muito, poderia estar muito melhor!

      Entre estar sucetível a bolhas e quase não crescer, prefiro muito mais a primeira opção. Entendo que gera muito mais benefício para a sociedade crescer (mesmo com alguns excessos) do que estagnar.

      O valor do Whatsapp foi uma junção de fatores. Fora o potencial disruptivo dele em escala global e margem altíssima, ele tb foi uma defesa para o FB, que poderia ser um dos “disruptidos” (por ele ou então por algum concorrente que o comprasse). Sendo que foi comprado majoritariamente em ações, seu valor é relativo ao do FB que hoje tem multilpo de 80x receita. Esse multiplo da pano pra outra discussão!

      Concordo que as dificuldades podem servir como fonte de aprendizado. Eu aprendo com cada experiência que tenho, seja ela bem ou mal-sucedida. A questão toda é que o Brasil tem que “aprender” também e o que vejo é desperdiçarmos essa oportunidade.

      Abs

  34. Sensacional. Parabéns pelo post e pelo trabalho a ser realizado. Se a situação aqui não fosse tão complicada, certamente hoje estaria sobrando e eu poderia ser um desses apoiadores. De qualquer forma, sucesso na jornada.

  35. O post esta sensacional!

    Contribuindo um pouco para a discusssão, acredito que grande parte dos motivos que tu mencionaste são efeitos de causas mais profundas que por sua vez se originam da cultura brasileira. Entre essas, posso destacar a ojeriza ao lucro, visto como pecado, muitos projetos sociais, preconceito com os investidores, atribuir a culpa da falta de ecossistema a esses, não tentar entender o outro lado e etc…

    Claro que tudo isso tem solução e conforme for ocorrendo a evolução do ecossistema a confiança mútua de investidores e empreendedores irá melhorar, facilitando negócios e tolerando mais riscos. Ainda acho que parte desses deals ruins que as Startups brasileiras se sujeitam, vem também pelos poucos exists de sucessos que temos aqui.

    Somente a critério de atualização o Willian Mougayar fez um trabalho excelente levantando Startups com valuations altos, mesmo no trabalho dele faltaram algumas, mas me parece mais completo que o postado no artigo http://startupmanagement.org/2014/04/20/the-global-unicorns-universe/

    • Gustavo Guida Reis says:

      Oi Felipe,

      Obrigado por comentar e por compartilhar o estudo – vou ler!

      Percebi que o ponto mais importante que deixei de apontar foi a cultura como vc e muitos colocaram.

      Abs

  36. Gustavo, parabéns pelo texto. Concordo com todos os pontos levantados, apesar de sentir falta de várias outras start-ups de outros países.

    Acredito que todos os pontos são relevantes, mas o principal seja a cultura. Por exemplo, porque não vemos o Japão com destaque em start-ups? Onde estão os alemães com seus “hardwares” aclamados? São países muito “seguros” em que a exposição ao risco é “abominada” pelo contexto social. Não adianta ter todos os elementos fortes se a cultura não gerar um ciclo virtuoso em prol do ambiente empreendedor.

    Tive a experiência de viver na França e vi que a burocracia lá também é horrível, a ponto de algumas vezes sentir saudades do Brasil. Lá, falhar em um negócio é tão repreendido ou mal visto socialmente como no Brasil. Enfim, cada país tem suas peculiaridades, boas e ruins, que ajudam ou não o empreendedorismo.

    Com relação a empreendedores, temos duas perspectivas: as pessoas que empreendem por necessidade e as que empreendem por oportunidade. Aqui no Brasil temos muitas pessoas da primeira opção, pessoas simples, que atuam nos mais variados setores com abrangência bem local. O segundo grupo vive um conflito: são pessoas que enxergam oportunidades mas não tem suporte financeiro para conseguir se manter e alavancar um negócio. Falta conhecimento (i.e. empreendedores mais bem preparados) e um ambiente social e econômico que permita que tais empreendedores atuem efetivamente.

    O nosso mercado também não está maduro o suficiente ou não tem a cultura adequada para receber algumas das inovações propostas por startups. A questão do timming também é essencial (veja o case do Second Life por exemplo, um excelente produto lançado em uma época que as redes e os computadores não estavam compatíveis com a experiência que ele propunha).

    Hoje sou empreendedor, tenho uma empresa chamada Frutas em Casa (frutasemcasa.com.br), que é uma empresa de compra e assinatura de frutas e verduras pela internet. Até agora não teve nenhuma pessoa que não gostasse da ideia, mas entre achar legal e agir há um mundo de distância. As pessoas do Brasil tem medo de experimentar, de acreditar. Somos acostumados com tanto serviço ruim que a desconfiança é muito alta.

    Bom, torço pelo sucesso da sua iniciativa e se puder ajudar na parte de conhecimento, estou às ordens.

    • Gustavo Guida Reis says:

      Obrigado Márcio,

      Acho que o ponto mais importante que deixei de mencionar foi a cultura mesmo.

      Boa sorte com a Frutas em Casa!

      Abs

  37. A.L says:

    Risco é uma palavra que não existe no Brasil. É cultural. Aqui se aprende desde cedo que emprego bom é emprego público; Muitos universitários são ensinados que “capitalismo” é uma coisa nefasta, a ao mesmo tempo o consumo desenfreado é estimulado. Sem falar nos empresários “amigos” do Estado, que não medem esforços para criar mini-monopólios.

  38. Pingback: Os 10 links do mês - Abril | Blog da Concrete

  39. Muito legal o post, Gustavo!

    Acho que a mudança para termos mais startups passa também pela escola.

    Estou desenvolvendo um projeto em escolas públicas do Rio de Janeiro que tem o objetivo de formar jovens inovadores que dominam novas tecnologias. Estamos começando pelo ensino de lógica de programação com Scratch.

    Fizemos um vídeo falando um pouco sobre o projeto: http://bit.ly/1nhQAwU
    E temos nossa página no facebook: https://www.facebook.com/grupohashtech

    Abraços!

  40. Pingback: Como criar uma cultura empreendedora como a dos EUA? - EmpreenderSaúde

  41. Muito bom gostei de acompanhar e ver que precisamos nos unir para nos fortalecer e pensar mais em soluções do que lamentar os problemas existe grandes oportunidades e e por falta de impulso ficam estáticas vendo o mudo evoluir e nos correndo para outros mercados deixando de fazer a nossa parte e mostrar que somos capazes e competente o bastante para fazer acontecer

  42. Marim says:

    Eu gostaria de citar mais dois problemas.
    1) Brasileiro não consome e não conhece tecnologia. Fora os aficcionados, técnicos e hipsters em geral as pessoas tem muitos problemas para entender os benefícios de uma inovação tecnológica. Há muita dificuldade para vender um produto de tecnologia inovadora porque as pessoas não veem benefício daquilo em relação ao “papel de pão” que elas usam atualmente.

    2) Brasileiro quer tudo de graça. Usa um aplicativo que resolve todos os seus problemas o dia inteiro mas se ele passar a custar R$ 1,00 por ano desinstala na hora e ainda fala mal.

  43. Pingback: Porque o Brasil não produz startups de 1 bilhão de dólares? |

  44. Pingback: Startups mundiais avaliadas em mais de 1 bilhão de dólares. | Diogo Souza

  45. Brasil é país da pobreza, “puxa-saquismo” e do “passar-a-perna em otários”. Então como uma Startup vai chegar a 1 bilhão se o proprio brasileiro nao enxerga os valores dos funcionários e sócios? Difícil.

  46. Pingback: Reflexões rápidas de um empreendedor em órbita

  47. Pingback: 99, Zen e Easy. O empreendedor brasileiro está seguindo uma fórmula?

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